Série baseada na história real da primeira advogada italiana.

É sempre agradável termos a oportunidade de descobrir produções que saem do habitual circuito americano de filmes e séries. Esse é o caso da série de “As Leis de Lidia Poët” que acaba de entrar no catálogo da Netflix e já vem alcançando um grande sucesso (tanto que uma segunda temporada já está a caminho para o deleite de seus novos fãs).

Lidia Poët (interpretada aqui pela ótima atriz Matilda De Angelis) se formou em Direito, mas não consegue advogar, pois a Ordem dos Advogados da época (1883) não aceita de jeito algum uma mulher no tribunal. Assim, a protagonista tenta até se manter sozinha, ter clientes, mas não consegue prosseguir na sua carreira. Dessa forma, ela acaba indo morar na casa do irmão Enrico (interpretado pelo ator Pier Luigi Pasino) que também é advogado.

Uma mulher na luta pelo direito da igualdade de gênero.

Logo de cara, já percebemos a força da personalidade da nossa protagonista. Lidia Poët é livre, perspicaz e muito inteligente. Ela tem uma amizade colorida com Andrea (Dario Aita) e acaba se envolvendo com Jacopo (Eduardo Scarpetta), irmão da sua cunhada que também reside na mesma casa. Ele é jornalista e está sempre tentando ajudar a nossa protagonista (além de ter seus segredos) a resolver seus casos.

A cada episódio da série (são apenas 6), temos um caso diferente, onde Lidia acaba envolvendo o seu irmão para aceitar oficialmente. Os mistérios que envolvem os casos são bons e prendem bastante a atenção até a sua resolução. Mas, sem dúvida, é o carisma de uma personagem tão forte na sua luta pessoal contra o machismo reinante da época que nos faz ter uma simpatia especial. É o que acontece inclusive com Enrico (que no início parece ser uma figura difícil), mas aos poucos se revela um bom irmão, quando acaba sempre cedendo aos pedidos da sua irmã em sua empreitada para defender seus clientes.

Esta é mesmo a história real de Lidia Poët?

Sim. Nascida no ano de 1885, Lidia Poët realmente viveu uma intensa saga até conseguir exercer o seu direito de trabalhar como advogada. Em 1881, ou seja, dois anos após se formar em direito pela Universidade de Turim, Lidia acabou sendo admitida para atuar na Ordem dos Advogados da Itália (causando grande indignação entre os homens que trabalhavam como advogados). Embora tenha trabalhado como advogada por três meses, fora expulsa por instância de um procurador-geral da monarquia.

Na época, foi alegado que mulheres não tinham espaço para trabalhar em um tribunal. Neste período, sua carreira jurídica chegou ao fim. Entretanto, após um discurso nacional que ganhou força em 1920, Poët foi readmitida na Ordem dos Advogados com 65 anos.

Como já revelado no início deste artigo, “As Leis de Lidia Poët” é baseado livremente na história real da primeira advogada italiana, com bons mistérios, ótima ambientação da Itália da época, bons figurinos, bom elenco e uma protagonista extremamente cativante. Não é à toa que a série já vem alcançando ótimos índices de avaliação do público. Resta agora aguardar pelos novos capítulos dessa saga que coloca o protagonismo da mulher novamente em destaque. Vale a pena conferir!