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(Imagens: Wikipédia | Reprodução)

De Evita Perón a Marielle Franco: 4 mulheres que ressignificaram a política mundial

Ao longo dos anos, a luta de grandes mulheres permitiu desbravar um importante caminho para que outras presenças femininas também ocupassem o seu merecido lugar de destaque dentro de um enorme labirinto de poder exercido, até então, unicamente pelos homens. Elas nos deixam um imenso legado de protagonismo, resiliência e superação que só vem demonstrar a capacidade e a força da mulher como um agente transformador do mundo a sua volta. Conheça, abaixo, 4 mulheres que ressignificaram a política mundial com o seu olhar pessoal e a sua atuação marcante:

1. Evita Perón (1919-1952)

Entre outras conquistas sociais, o papel de Eva Maria Duarte foi determinante para que fosse instaurado o sufrágio feminino na Argentina. “Evita”, como carinhosamente era chamada pelos seus inúmeros admiradores, foi esposa do presidente argentino Juan Domingos Perón. Como primeira-dama, ela aproveitou sua posição para auxiliar o povo mais humilde e lutou incansavelmente pelos direitos da mulher no seu país. Em 23 de setembro de 1947, a Argentina promulgou finalmente a lei que consagrou o sufrágio feminino em toda a nação. Até os dias de hoje, Eva Perón continua a ter uma forte presença na sociedade argentina (entre simpatizantes e detratores) mesmo após mais de 70 anos de sua morte.

Sua marcante atuação na política lhe rendeu inúmeras homenagens, além de vários filmes, peças de teatro, cartazes, retratos em residências, repartições públicas e sindicatos espalhados pelo país. Por causa do seu trabalho, ficou conhecida como a “porta-bandeira dos humildes” e a “mãe dos sem camisa” (um referência aos mais pobres). O seu túmulo no cemitério de La Recoleta, na cidade de Buenos Aires, está sempre enfeitado com flores frescas e diversas mensagens de seus apoiadores (é um dos locais mais visitados pelos turistas). Fora do solo argentino, o seu nome e a sua história tornaram-se mundialmente conhecidos através do premiado musical de sucesso da Broadway “Evita” (de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice), que contou ainda com uma versão cinematográfica, em 1996, com Madonna no papel principal.

2. Stacey Abrams (1973)

Homenageada com o prêmio “NAACP Social Justice Impact” (entregue pela ex-primeira-dama Michelle Obama), Stacey Abrams é a principal responsável por engajar cerca de 800 mil eleitores durante as eleições presidenciais que aconteceram nos Estados Unidos, em 2020. A sua incansável atuação política levou à candidatura a primeira vice-presidente negra e asiático-americana do país, Kamala Harris. Além disso, ela é fundadora da “Fair Flight” e foi indicada ao “Prêmio Nobel da Paz”.

“Sou grata pelo século de dedicação da NAACP à justiça racial, democracia e igualdade. Fui criada por meus pais, o reverendo Robert e Carolyn Abrams, para ver os desafios em nosso mundo como oportunidades para agir. Eles ensinaram a mim e a meus cinco irmãos que não ter nada não é desculpa para fazer isso. Em vez disso, eles nos mostraram por palavras e atos que devemos usar nosso rosto como escudo para proteger os indefesos, usar nossas vozes para gritar injustiças e usar nossa educação e nosso tempo para resolver os problemas dos quais os outros se afastam”, disse Stacey em seu discurso falando sobre aceitação. E completou: “Compartilho este prêmio com todos aqueles que defendem o progresso, a equidade e a verdade de quem somos e quem devemos nos tornar como nação. Aquele que defende e expande a democracia, que protege a justiça e a promessa atual, aquele que entrega igualdade e equidade, sabendo que ambos são necessários”.

3. Golda Meir (1898-1978)

Nascida em Kiev (na Ucrânia), Golda Meir emigrou com os pais para os Estados Unidos (em 1906) e, mais tarde, estabeleceu-se na Palestina (em 1921), Ali, começou a trabalhar incansavelmente para a criação do Estado de Israel, aliando-se ao movimento sindical Histadrut, ao Partido Trabalhista (Mapai) e integrando-se junto à frente da divisão política da Agência Judaica (1946/1948). Foi embaixadora na então União Soviética (entre 1948 e 1949), Ministra do Trabalho (entre 1949 e 1956), Ministra das Relações Exteriores (entre 1956 e 1966), Secretária-geral do Mapai (entre 1966 e 1968).

Em 1969, Golda Meier sucedeu o falecido primeiro-ministro Levi Eschkols, entrando para a história como a primeira e, até então, única mulher eleita para o cargo de primeira-ministra de Israel. Em 1973, quando o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel, ela liderou com bastante habilidade e imensa firmeza a vitória das tropas israelenses na chamada Guerra de Yom Kippur. O seu valioso desempenho e a sua grande capacidade de diplomacia, fez com que Golda Meir fosse reconhecida mundialmente como a “Dama de Ferro”.

4. Marielle Franco (1979-2018)

Nascida na favela da Maré, no Rio de Janeiro, Marielle Franco foi criada por uma mãe solteira que trabalhava como empregada doméstica. Foi a primeira pessoa de sua família a cursar uma universidade, formando-se em Sociologia (pela PUC-RJ) e em Administração Pública (pela UFF-RJ). Durante sua trajetória acadêmica, destacou-se como bolsista (tendo estudado também em outras universidades do mundo, como a Universidade de Harvard nos Estados Unidos). Em sua trajetória política, rapidamente tornou-se uma importante representante das minorias e dos Direitos Humanos dentro do seu Estado.

Marielle iniciou sua carreira política como assessora de Marcelo Freixo e com ele trabalhou por cerca de 10 anos. Assumiu também a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e candidatou-se à vereadora do Rio de Janeiro (sendo a quinta parlamentar mais votada, com mais de 46 mil votos). Defendeu diversas pautas, tais como: racismo, mulher na política, defesa dos direitos básicos, segurança nas favelas, garantias ao aborto (nos casos previstos em lei) entre outras. Militante do movimento negro e do feminismo, fundou o grupo “Mulheres Negras Movendo Estruturas”.

A notícia de seu assassinato, gerou uma forte comoção nacional e internacional. Ainda hoje existem várias indagações sobre as motivações que levaram à sua morte e quem são os mandantes/autores responsáveis por esse crime bárbaro (o caso ainda continua sendo investigado pelas autoridades públicas do Brasil). Seu nome tornou-se imediatamente em um símbolo de força e de luta contra as desigualdades sociais em nosso país (especialmente em relação às mulheres negras, à LGBTfobia e às comunidades marginalizadas). Marielle deixa um legado de superação, força e luta contínua pela democracia.