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Luto: entenda os estágios e como superar a perda

  • Post category:Saúde Mental

Embora seja um fato natural de nossas vidas, a morte de alguém que amamos ou conhecemos é sempre um assunto muito difícil de ser encarado naturalmente pela maioria das pessoas (mesmo sendo inevitável que passemos por isso em algum momento). As perdas costumam nos atingir em cheio, causando dores profundas, um vazio no peito, lágrimas, arrependimentos, desespero e, em alguns casos (que necessitam de um apoio maior e terapia), depressão. É preciso entender que cada pessoa vive o seu momento de luto de uma forma diferente e que essas reações são muito comuns, esperadas e até mesmo necessáriaspara aliviar o sentimento da perda.

Por isso, é importante que você se permita viver todas essas experiências. Se sentir vontade de chorar, chore. Se não quiser sair de casa, não saia. Se precisar conversar com alguém, converse. O luto é uma experiência necessária para que você consiga retomar a sua vida e o contato com o mundo e as pessoas a sua volta. Lembre-se que nada é para sempre e quando se sentir pronta para dar continuidade à sua jornada, não hesite.

O que é o luto?

O luto é todo um processo que se inicia não apenas quando uma pessoa muito querida falece, mas também quando encerramos um vínculo afetivo com alguém ou o contato com uma experiência com a qual já estávamos muito acostumados por um determinado tempo (pode ser o fim de uma intensa relação amorosa, de uma grande amizade ou mesmo de um trabalho). Esse encerramento de um ciclo nos traz uma trajetória emocional bastante complexa que pode envolver tristeza, crises de choro, recolhimento e perda de interesse por atividades que costumávamos fazer normalmente em nosso dia a dia.

Ao mesmo tempo, dependendo da sua personalidade, experiências de vida e capacidade de lidar com as emoções, você pode sucumbir a alguns sentimentos ruins no meio do caminho, como: culpa, frustração, irritabilidade, angústia, medo e desespero. O importante é entendermos que esse processo passa por vários estágios precisamos superá-lo para seguirmos em frente com nossas vidas.

Quais são os 5 estágios do luto?

Para que você possa entender melhor como passar por esse misto de emoções e sensações, vamos esclarecer aqui quais são os principais estágios que envolvem o processo do luto. Essas etapas foram primeiramente identificadas pela psiquiatra suíça-americana Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004) por meio de trabalhos realizados com pessoas que também passaram pela experiência do luto. Ela dedicou a sua carreira a estudar as reações emocionais de pacientes terminais, principalmente de câncer e de AIDS, oferecendo-lhes escuta em momentos de solidão e medo. O seu objetivo era humanizar o tratamento desses pacientes em hospitais e clínicas, além de educar uma nova geração de médicos sobre a morte e o luto de seus familiares. 

Em seu livro “Sobre a Morte e o Morrer”, Elisabeth escreveu sobre os cinco estágios do luto. Ela entrevistou pacientes e familiares, buscando compreender a sua relação com a iminência da morte e a aceitação da perda. Diferente do que acreditamos, as etapas que envolvem o luto não são vividas de forma linear. Cada indivíduo enlutado passa por essa experiência de modo singular (de acordo com o seu estado emocional e sua história de vida).

De acordo com as suas pesquisas, não existem regras para se viver o luto, mas podem ser observados os seguintes estágios pelos quais uma pessoa passa:

1. Negação:

Normalmente, a reação mais comum ao se ouvir a notícia da morte de alguém que amamos é rejeitá-la prontamente. A pessoa custa a aceitar e acreditar na possibilidade de ter perdido uma pessoa querida, rejeitando a própria realidade. Esse ato de negação é um mecanismo de defesa da pessoa enlutada e tem como objetivo protegê-la de uma verdade inconveniente, a qual pode desestruturá-la psicologicamente. Dessa forma, esse estágio do luto pode demorar horas, dias ou até mesmo semanas (geralmente a pessoa enlutada busca o isolamento social e o distanciamento de tudo que lembre o indivíduo que partiu neste período).

2. Raiva:

Sentimentos de raiva, desespero, angústia, medo, e frustração se manifestam constantemente. Este turbilhão de emoções tomam conta da mente da pessoa enlutada, fazendo com que ela tenha condutas ríspidas e desagradáveis. Quando alguém tenta trazê-la de volta para a realidade, ela reage com agressividade, negando-se a todo momento que o ocorrido de fato aconteceu (ela ainda se sente incapaz de aceitar a perda). É possível que a pessoa em luto expresse a sua raiva por meio de atitudes autodestrutivas, como beber exageradamente, brigar com desconhecidos, destruir objetos pessoais e até mesmo atingir negativamente com palavras as pessoas mais próximas. Nesse estágio, como está transtornada, ela não compreende a gravidade de suas ações e as consequências que elas podem trazer.

3. Negociação:

Nesse estágio, quem está vivendo o processo do luto tenta se livrar da dor que está sentindo de várias maneiras. A pessoa enlutada passa a negociar consigo mesma ou com a entidade superior em que acredita (dependendo da fé de cada um) na tentativa desesperada de aliviar a sua dor. Diversos pensamentos povoam a sua mente, como: “e se eu tivesse feito isso diferente” ou “se eu fizer tal coisa, será que posso reverter a situação?” Mesmo que ela tenha consciência da impossibilidade desses feitos, ela os alimenta para consolar a si mesma. 

4. Depressão:

Após a negação e a tentativa de trazer o ente querido de volta, a atenção agora está no presente, na realidade e no entendimento de que a vida jamais será a mesma depois do ocorrido. A pessoa é acometida por um grande sofrimento que pode se prolongar por várias semanas ou meses. Ela se apega à dor causada pela grande perda, usando-a como combustível para permanecer em estado depressivo. Ela se isola de familiares e amigos, tem crises de saudade e apresenta uma grande dificuldade de retomar à vida normal. Este estágio do luto requer muita conversa e apoio de pessoas próximas, além de um acompanhamento psicológico. A pessoa enlutada pode acabar desenvolvendo um transtorno de depressão bem profundo e não conseguir chegar ao estágio de aceitação da morte. A ajuda de um profissional é essencial neste estágio em que a pessoa se encontra.

5. Aceitação:

A aceitação é o último estágio do luto, mesmo que a experiência não seja linear. É neste momento que a pessoa enlutada compreende a sua nova realidade, constituída pela ausência de quem partiu, e aprende a viver com a perda. Os sentimentos e angústias já foram externalizados, resultando em uma sensação de paz interior.  Isso não significa que a pessoa está completamente bem, mas que já aceita sua nova condição de vida. A saudade dos momentos vividos com a pessoa querida que partiu ainda vai mexer com as suas emoções. É o momento de se lembrar da pessoa que partiu com carinho, ser grata por ela ter participado de sua vida, compreender que é preciso continuar a viver mesmo sem a presença dela e compreender a finitude da vida. 

Como saber lidar com o luto e superar nossas perdas?

O processo de luto é diferente de indivíduo para indivíduo. É uma resposta emocional esperada em uma situação de perda. Viver o luto é um direito de todas as pessoas, independente do grau de parentesco ou de afinidade com quem partiu. E os cinco estágios do luto são necessários para que a pessoa enlutada compreenda a magnitude de sua perda, expresse seus sentimentos e, em algum momento, encontre a sua paz interior. Podem levar semanas, meses ou anos.

Por isso, quando precisamos administrar muitas emoções ao mesmo tempo e nos sentimos sobrecarregadas, é importante a ajuda de alguém próximo ou mesmo de um profissional. Nesse sentido, a terapia pode ser uma ferramenta eficaz para aliviar a experiência do luto. Se você está passando por momentos difíceis após a perda de uma pessoa querida, busque ajuda psicológica para processar o luto e se reerguer. Lembre-se: conversar sobre esse assunto é sempre a melhor forma de começar a lidar com ele. Quando você chegar ao ponto da aceitação da perda, será então capaz de traçar novos planos e objetivos para sua vida!