You are currently viewing Qual o impacto do etarismo nas mulheres?

Qual o impacto do etarismo nas mulheres?

Se você já teve a oportunidade de ouvir de alguém próximo, frases como: “Você não tem mais idade para isso”, “Você deve ter sido muito bonita quando jovem” ou “Você está ótima para a sua idade” esse é um sinal iminente que já está mais do que na hora de debater e combater essa discriminação por idade, conhecida popularmente como etarismo (uma prática que vem acontecendo, principalmente, junto às mulheres).

Esse termo vem de longa data (1960) e foi criado pelo médico norte-americano, Robert Butler, um estudioso sobre envelhecimento e longevidade. Ele usou o termo em inglês “ageism” em uma derivação de “age” (idade) para se referir ao preconceito por idade (que já existia também nessa época).

“Embora o etarismo possa atingir tanto homens quanto mulheres, há uma cultura em que o preconceito contra o envelhecimento feminino é maior e mais cruel”, é o que afirma a psicóloga especialista em traumas, Ediane Ribeiro, que conclui: “Se olharmos para dados como: número de mulheres acima dos 45 anos em cargos relevantes nas empresas e estereótipos relacionados ao envelhecimento do corpo feminino e à menopausa, vamos perceber que as mulheres são mais julgadas em relação à aparência física e habilidades, em relação ao seu valor com a maturidade”.

Quais são os principais danos causados pelo etarismo nas mulheres?

O etarismo causa um grande impacto na saúde e na autoestima de muitas mulheres que, após os 40 anos, enfrentam o mito de serem menos produtivas, devido à queda da função reprodutiva, o que acaba gerando uma espécie de uma progressiva “exclusão social” e “invisibilidade” (tanto no mercado de trabalho, quanto em outros ambientes).

Segundo a pesquisa Global Learner Survey, 74% das mulheres disseram que o preconceitos e discriminação ainda são pontos difíceis na hora de buscar novas oportunidades de trabalho, E 65% afirmaram que a discriminação de idade, o etarismo, é uma prioridade entre as questões que devem ser combatidas. O levantamento ouviu 6 mil mulheres nos Estados Unidos, México, Índia e China.

Marcia Cunha é fundadora da Plenapausa, primeira femtech brasileira a promover informação, solução e acolhimento para mulheres em menopausa, e aponta que percebeu, através das mais de 5 mil avaliações, que a mulher vítima do etarismo se sente sozinha por falta de informação, diálogo e acolhimento nesta fase de amadurecimento: “As percepções de mudanças do corpo (cabelo, pele, humor e energia), em decorrência da queda hormonal, colaboram para um sentimento,  muitas vezes, de ansiedade e depressão que minam a autoestima e a saúde”.

Como identificar o etarismo junto à mulher?

As manifestações de discriminação por idade podem ser observadas com frequência em diversas situações do nosso cotidiano. Alguns sinais desse preconceito estão presentes no dia a dia da mulher e são bem perceptíveis:

No mercado de trabalho:

– Maior dificuldade de empregabilidade por mulheres acima dos 50 anos;

– Padrão recorrente de poucas contratações ou promoções de mulheres acima dos 50 anos;

– Quando colaboradoras relatam insegurança quanto à manutenção de seus empregos em função da idade;

– Remanejamento de mulheres acima dos 50 anos para atividades ou cargos menos valorizados;

– Comentários e piadas dentro da empresa focadas à questão da idade, associados à ineficiência, dificuldade de adaptação ou menor produtividade.

No âmbito familiar:

– Comentários sobre o hábito de se vestir ou de como se portar socialmente;

– Rejeição quanto a uma vida social mais ativa (novos namoros, festas, viagens etc.);

– Opiniões sendo infantilizadas ou desconsideradas por conta da idade;

– Isolamento social praticado por membros da própria família.

Como combater a prática do etarismo?

É fundamental que toda a sociedade consiga reconhecer e combater o etarismo, direcionando ações diferentes a níveis individual, institucional e governamental, como:

– Conscientização de empresas, escolas e famílias sobre o etarismo (através de suas formas mais claras e também mais sutis de manifestação);

– Criação de programas de incentivo junto às empresas;

– Promoção de programas de cuidados e bem-estar acessíveis para pessoas acima dos 60+.

O envelhecimento populacional é uma das mais significativas tendências do século 21. Nesse contexto de mudança da pirâmide etária, cresce no Brasil a cada ano o número de pessoas com mais de 60 anos de idade. Até 2050, a população com 60+ atingirá a marca de 2 bilhões de pessoas no mundo, segundo projeção da OMS (Organização Mundial de Saúde).

É preciso que todos os setores da nossa sociedade tenham uma visão atualizada e embasada sobre o envelhecimento e as práticas de etarismo, principalmente em relação às mulheres, com o intuito de promover a redução da discriminação por idade e aumentando assim a integração entre gerações nos mais diferentes ambientes.