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Radioactive (Netflix): Um legado de luz e sombras

A indústria cinematográfica americana vem abrindo cada vez mais espaço para as mulheres em suas produções nos últimos anos. Diretoras, atrizes e profissionais de diversas áreas técnicas têm tido a chance de mostrar o seu trabalho e a sua competência profissional junto ao grande público. A verdade é que após a grande repercussão de alguns movimentos importantes, como o #MeToo e o #TimesUp, a representatividade feminina nunca esteve tão presente como agora, mas ainda há muito a se fazer nesse sentido.

Hoje, já podemos listar uma série de filmes com protagonistas femininas (fictícias ou não) e também diversas histórias que falam sobre o seu próprio universo, aparecendo no catálogo de filmes e séries dos principais streamings da tv. São histórias inspiradoras (lutando por seus ideais, vencendo os preconceitos e se doando inteiramente em suas missões) que colocam as mulheres em lugares de destaque e de empoderamento.

Um desses exemplos que merece ser visto é “Radioactive”, com a direção da iraniana Marjane Satrapi (diretora de obras cinematográficas como “Persépolis”, “As Vozes” e “Frango com Ameixas”). A cinebiografia lançada na Netflix é uma adaptação do livro “Radioactive: Marie & Pierre Curie – A Tale of Love and Fallout, escrito por Jack Thorne (também roteirista do filme).

“Onde há sombra, temos luz. E onde se propaga luz, vemos a sombra”.

É dessa forma que o filme aborda a vida de uma das mais brilhantes cientistas femininas da humanidade. A trama foca em contar a história de Marie (interpretada pela atriz Rosamund Pike), imigrante polonesa e cientista brilhante, em sua luta para ser ouvida e respeitada pela comunidade científica do século 19, retratando alguns momentos da sua vida: do seu casamento às descobertas científicas feitas ao lado do seu marido, Pierre Curie.

O texto de Jack Thorne somado à sensibilidade da cineasta Marjane Strapi tratam de mostrar, na primeira metade do filme, o quanto de luz havia na relação amorosa de Marie e Pierre Curie (que também iluminou o trabalho de ambos) e todas as descobertas que fizeram juntos. Mas, é a partir da segunda metade do filme que adentram as sombras e o desencadeamento de uma série de transformações permanentes na vida de ambos.

Esse filme apresenta boas reflexões sobre a condição da mulher na sociedade francesa altamente patriarcal, xenófoba e misógina do final do século 19 (questões que ainda permanecem no mundo contemporâneo), nos permitindo conhecer um pouco sobre a vida e o trabalho dessa mulher extraordinária.

Marie Curie fez uma verdadeira revolução no meio científico, sendo a primeira mulher do mundo a ganhar dois prêmios Nobel. E o longa nos mostra como as pesquisas pioneiras dessa brilhante cientista sobre radioatividade impactaram o mundo para sempre. Para o bem e para o mal. Vale a pena conferir!