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Falta de libido: fatores que prejudicam o desejo sexual

Em nossa sociedade, um problema silencioso tem afetado bastante o bem-estar e a qualidade de vida de muitos casais, provocando dificuldades de relacionamento e até mesmo preocupações com a saúde dos parceiros: a falta de libido. Segundo pesquisas recentes junto aos consultórios de sexualidade, a diminuição ou perda do desejo sexual tem acometido cerca de 4 em cada 10 mulheres, sobretudo em relacionamentos longos e independentemente da idade. Além disso, é um fator que costuma vir quase sempre acompanhado de muita angústia, depressão e até um grande sentimento de culpa (virando um sério obstáculo em muitos relacionamentos).

O desejo sexual (também conhecido como libido) é o responsável pelo impulso que nos motiva a procurar uma maior intimidade com nossos parceiros e existe devido a uma soma de vários fatores que são comandados pelo nosso maior órgão sexual: o cérebro. Todos os estímulos que recebemos chegam primeiramente até ele para, só então, serem interpretados como positivos ou negativos. Ou seja, tudo o que você escuta, vê, cheira, prova, toca ou imagina será avaliado pelo seu cérebro e ele é quem determina se aquilo é algo excitante ou inibidor do seu desejo.

Essa interpretação é construída baseada em nossas vontades, experiências e crenças sobre sexo. E, justamente por isso, infelizmente ainda não existe uma “pílula mágica” capaz de solucionar de vez as queixas de baixo desejo feminino. Esse é um processo muito individual de descoberta de cada mulher (quanto ao que você deseja ou bloqueia). Por isso, é normal que haja alterações ao longo dos anos durante uma relação à dois. Não se cobre ou espere que o desejo se mantenha exatamente igual ao que era no início (isso lhe trará frustrações desnecessárias).

Como se processa a libido em uma relação?

É normal que no início das nossas relações o nosso desejo seja mais espontâneo (quando nós estamos envoltas pela chamada “química da paixão”) e temos nossos hormônios trabalhando continuamente a favor do tesão. Além disso, nessa fase inicial tudo é novidade e qualquer estímulo pode ser interpretado com muita intensidade. Só depois de alguns meses (entre 6 e 18, geralmente) é que esses hormônios se estabilizam, diminuindo assim aquele “fogo inicial”.

A lógica parte do seguinte princípio: sempre que somos expostas a um estímulo novo, reações intensas são provocadas em nosso organismo. Mas, quando somos expostas ao mesmo estímulo repetida vezes, o nosso corpo se habitua a ele e as sensações vão ficando menos intensas. Com o estímulo sexual isso também acontece. Quando acabamos de conhecer alguém, o fator novidade deixa tudo mais intenso e favorável ao estímulo (mas, aos poucos, isso tende a diminuir com o tempo).

É preciso termos consciência de que esse é um processo natural e orgânico. Só assim é possível alinhar as expectativas quanto a nossa vida sexual. Existe, sim, como construir algo mais gostoso e interessante em uma relação à dois, mas a comparação com essa fase inicial é totalmente ineficaz.

Quais são os fatores que prejudicam o desejo sexual?

Cada pessoa tem suas particularidades, mas os principais fatores que costumam impactar negativamente a libido são:

1. Baixa autoestima:

Nossa autoimagem impacta bastante em nosso desejo e estamos, constantemente, sendo bombardeadas por informações sobre como nossos corpos deveriam ser (criando um modelo de perfeição inalcançável) e qual a frequência que devemos dedicar às práticas sexuais. Muitas vezes, isso nos faz acreditar que não somos boas ou bonitas o bastante para merecer prazer. Grande parte das mulheres relatam incômodos com seus corpos atuais, diminuindo a sua libido. “Como eu posso desejar o outro, se não me desejo?”

2. Crenças limitantes e tabus:

Ausência de educação sexual, mensagens negativas ou distorcidas sobre sexo, crenças religiosas, machismo, moralismo, tudo isso interfere na libido, pois funcionam como gatilhos negativos na hora do sexo. “Como vou desejar ou desfrutar algo que me foi ensinado como errado?” ou “Como uma mulher pode ser honesta sobre seus desejos se tem medo de ser julgada?” Nada disso colabora para o nosso desejo sexual.

3. Fatores psicológicos:

Traumas sexuais, transtornos de ansiedade, depressão e de estresse também podem contribuir negativamente. Em situações de estresse, por exemplo, nosso corpo tende a interpretar a maior parte dos estímulos como algo negativo. Além disso, ele faz com que nos sintamos em constante estado de alerta, prontas para fugir a qualquer momento (nos incentivando a poupar energia para outras funções essenciais do nosso corpo).

4. Fatores Relacionais:

Conflitos nas relações, invalidação pelo(a) parceiro(a), falta de segurança no relacionamento, medo de não ter seus desejos legitimados, receio de não ser aceita na cama, seja fisicamente ou em atitudes, tudo isso muitas vezes aciona o “freio” das mulheres, impactando significativamente na relação.

5. Fatores biológicos:

Alterações hormonais normais (menopausa, gravidez e pós-parto), alterações hormonais patológicas (doenças de tireoide, ovários e outras glândulas produtoras de hormônio), efeitos colaterais de medicamentos (como anticoncepcionais, ansiolíticos e antidepressivos) e doenças crônicas podem inibir diversas fases da sexualidade, incluindo o desejo sexual.

6. Sobrecarga:

A desigualdade de gênero está presente em muitos relacionamentos. Mulheres acabam ficando responsáveis por todas as demandas de casa, dos filhos, da relação, sem uma divisão justa dessas tarefas, o que gera uma sobrecarga tanto física quanto emocional e diminuem o tesão nas relações (isso afeta bastante a vida sexual dos casais).

7. Insatisfação sexual:

Se o sexo com o(a) parceiro(a) não for algo prazeroso, não haverá liberação de substâncias que promovem relaxamento e bem-estar no seu cérebro. Sendo assim, ele entende que essa é uma atividade na qual não vale a pena se engajar, uma vez que há um grande investimento de tempo e energia, mas pouco retorno para você (o que acaba ocasionando a falta de desejo).

Além dos fatores mencionados acima, existem outras causas que acionam os “freios do desejo”, como: cansaço, falta de privacidade, medo de engravidar ou até mesmo de contrair uma infecção sexualmente transmissível, entre outros. Trata-se de algo completamente pessoal e apenas você é capaz de identificar o que inibe o seu desejo sexual. De qualquer forma, busque conversar com o(a) parceiro(a) ou procure a orientação de um especialista no assunto para avaliar o seu caso.