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Violência doméstica na pós-maternidade

Atualmente, são observados diversos relatos de mulheres vítimas de violências de todos os tipos (física, verbal, psicológica e sexual) em nossa sociedade. O número de denúncias tem sido grande, porém há ainda um número maior de vítimas quando pensamos que existem as que preferem se calar por receio dos seus parceiros e até da sua própria família.

Além da violência doméstica que muitas mulheres sofrem no seu dia a dia, há também um número crescente de relatos sobre a violência sofrida na pós-maternidade, causando diversos problemas psicológicos que podem se perpetuar por toda uma vida (como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático entre outros).

Quando o abuso é cometido dentro de casa.

O Instituto AzMina recebe com frequência diversos relatos de abusos, por meio do aplicativo PenhaS, onde mulheres de diferentes estados brasileiros dizem já terem sofrido a violência de bem de perto e aumentar significativamente ao se tornarem mães.

Dados coletados indicam que muitas mulheres nessa fase, sem emprego e que passam mais tempo em casa cuidando dos seus bebês, acabam se isolando de amigos e familiares, tornando-se mais sujeitas aos abusos cometidos pelos seus parceiros.

Quanto menor a renda, mais vulneráveis à violência elas estão.

Em 2022, mais de 18 milhões de mulheres foram vítimas de violência doméstica no Brasil. Nesse grupo, as mais agredidas por parceiros íntimos são mães.Esses dados são do Fórum de Segurança Pública.

As violências praticadas no caso da maternidade, extrapolam as agressões físicas e psicológicas. Também são negados a essas mulheres em situação de vulnerabilidade recursos básicos, como: assistência médica, comida ou dinheiro, em um período em que, muitas delas, perderam o emprega ou se tornaram dependentes financeiramente. Segundo esses dados, a maioria tem apenas o ensino fundamental e são negras.

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra ainda que metade das mulheres perde o emprego depois a licença maternidade. Além disso, a baixa renda familiar acaba se tornando também um fator de risco para a violência de gênero.

Quando a violência se intensifica após a gravidez.

Quando as mulheres já se encontram em relacionamentos abusivos, as agressões tendem a se intensificar após a gravidez. Segundo um levantamento feito pelo Instituto AzMina, por meio de um formulário divulgado nas redes sociais, 94% das mulheres relataram terem sofrido esse tipo de violência e, em muitos casos, essa tendência de abuso pode acabar até em feminicídio.

Uma cartilha do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) diz que as gestantes vítimas de violência têm três vezes mais risco de sofrer homicídio em comparação às que não sofrem violência nesse período. Outro estudo sobre mortalidade em mulheres grávidas e puérperas mostra que 56% delas foram mortas por amar de fogo e 32% por objeto cortante.

Como buscar ajuda contra a violência doméstica?

No aplicativo de enfrentamento à violência doméstica do Instituto AzMina, o PenhaS, você encontra informação, orientação e acolhimento. Além disso, lá tem um mapa de vários serviços públicos de atendimento espalhados pelo Brasil (além de mulheres dispostas à escuta).

Se você está passando por esse momento, tenha sempre seus documentos e dos seus filhos com você. Procure imediatamente ajuda no Centro de Referência da Mulher (CRAM) ou no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do seu território para informar a situação que está vivendo. Também é possível pedir apoio aos agentes da Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de você (esses profissionais podem encaminhá-la para a rede especializada).

E lembre-se: se você conhece ou está próxima de mulheres que são ou podem ser vítimas de violência doméstica, visite, converse, esteja atenta, ofereça a sua ajuda sem julgamentos.