Em uma pesquisa realizada pela agência de empregos Catho, foi revelado que as mulheres ainda continuam ganhando bem menos que os homens em todos os cargos de liderança, cuja diferença média chega a alcançar 34%.
Além dos salários inferiores, elas ainda se deparam com vários obstáculos em algumas áreas do mercado de trabalho (como em tecnologia, por exemplo, onde ocupam apenas 19% dos cargos de liderança). De lá para cá, muito pouca coisa mudou nesse sentido, mas felizmente existem ótimas iniciativas que contribuem significativamente para a correção dessa disparidade (principalmente em relação às mulheres em situação de vulnerabilidade).
Rede Mulher Empreendedora: levando independência a milhões de mulheres
No início, a Rede Mulher Empreendedora (RME) era apenas um blog, no qual Ana Fontes replicava, em uma linguagem mais acessível e com a ajuda de outras empreendedoras, tudo o que aprendia no programa “10.00 mulheres”, do Banco Goldman Sachs com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A partir de toda uma experiência à frente de iniciativas de apoio ao empreendedorismo feminino, a RME criou um modelo de capacitação inovador e totalmente focado no desenvolvimento das habilidades socioemocionais essenciais para o sucesso da mulher empreendedora.
Enquanto a maioria dos cursos sobre empreendedorismo disponíveis no mercado tinha como principal objetivo ensinar apenas conhecimento técnico, este novo modelo buscou ir na raiz dos problemas enfrentados pelas mulheres, principalmente as que estão em situação de vulnerabilidade econômica e social, abordando temas essenciais como gestão de tempo, autoconfiança, aptidões de liderança, comunicação, networking, educação financeira e sobre como trabalhar com ferramentas digitais para organizar os seus negócios.
Dessa forma, novas redes de contatos foram criadas entre outras mulheres que enfrentam as mesmas questões, de forma a se apoiarem e se inspirarem.
“Ela Pode”: Um programa criado para fomentar o empreendedorismo feminino
Criado em 2018, o “Ela Pode” é um programa do Instituto Rede Mulher Empreendedora, em parceria com a gigante Google.org, e em sua primeira edição 206 mil mulheres foram impactadas, 243 multiplicadoras selecionadas/treinadas e 1848 cidades alcançadas. As capacitações são oferecidas gratuitamente para mulheres em situações de vulnerabilidade socioeconômica, de acordo com as demandas apresentadas em cada região do país (com atenção especial para o Norte e o Nordeste).
Este programa se utiliza de uma metodologia “train-the-trainer”, em que todo o conteúdo disponibilizado é replicado continuamente para as chamadas Multiplicadoras. Além disso, conta ainda também com a ajuda de parceiros que apoiam a realização das capacitações e a mobilização de público.
Como se sentem as mulheres impactadas pelo programa “Ela Pode”?
– 89% sentem mais segurança para abrir um negócio;
– 86% sentem mais segurança na gestão financeira do seu negócio;
– 72% aumentaram sua renda própria;
– 50% iniciaram seus próprios negócios.
É preciso que o poder público também crie ações como essa importante iniciativa de Ana Fontes para transformar a realidade de mulheres em situações de vulnerabilidade, para que em um futuro bem próximo todas tenhamos o mesmo reconhecimento e remuneração dos homens no mercado de trabalho (para que ambos possam viver uma cidadania plena de direitos iguais). Com o sucesso do projeto “Ela Pode” , em 2022, o programa volta este ano com uma missão ainda maior: capacitar 205 mil mulheres.