Muito antes da descoberta do coronavírus e vacinas para o seu combate, os pesquisadores da empresa alemã BioNTech já trabalhavam para entregar os primeiros imunizantes oncológicos à população mundial. A covid-19 apenas fez com que a aplicação da sua tecnologia inovadora do mRNA (RNA mensageiro) fosse adaptada para a questão do combate ao vírus.
Após a demonstração de sucesso dessa tecnologia contra a covid-19, desenvolvida em parceria com a indústria farmacêutica Pfizer, a BioNTech volta a mobilizar sua equipe de cientistas e pesquisadores a direcionar todos os seus esforços no desenvolvimento de uma fórmula personalizável e eficaz contra o câncer.
Como funciona a tecnologia de mRNA contra o câncer?
Bem diferente de outros tipos de vacinas, as fórmulas de mRNA usam o próprio sistema de defesa do organismo para ensinar quem é o potencial invasor e como fazer para eliminá-lo. No caso da covid-19, o imunizante envia instruções para o corpo produzir fragmentos do próprio coronavírus SARS-CoV-2 e, assim, ensina o sistema imunológico a reconhecer o invasor.
Com a vacina personalizável contra o câncer, é utilizado o mesmo esquema de indução de imunidade, mas agora focado na produção de marcadores encontrados nas células do tumor do próprio paciente, combatendo o câncer e preservando as outras células do organismo que não estão relacionadas com a doença.
Em tese, o mRNA é capaz de gerar a produção de qualquer proteína que os cientistas queiram que o sistema imunológico aprenda a reconhecer e destruir. É a partir desse conceito que pesquisas baseadas nessa tecnologia ganham forma e são iniciadas. Ou seja, esta vacina personalizada ensina o organismo a se defender contra as células tumorais do próprio paciente. Mas, cada caso depende de uma vacina nova, pois os tumores não são iguais.
Quando teremos uma vacina contra o câncer?
Atualmente já em sua Fase 2, os estudos clínicos da BioNTech investigam o uso das fórmulas de mRNA contra o câncer de pele (melanoma) e potenciais imunizantes vem sendo testados em mais de 150 voluntários. Dependendo dos resultados a serem alcançados, essa importante tecnologia irá revolucionar muito em breve o tratamento oncológico de milhões de pacientes.
Segundo a Diretora Médica e Cofundadora da BioNTech, Özlem Türeci, os cientistas da empresa sempre hesitaram em dizer que já possuíam uma cura para o câncer, porque muitas fórmulas que pareciam promissoras no passado foram descontinuadas após os fracassos dos estudos clínicos. “Temos observado agora vários avanços e continuaremos trabalhando neles”, explicando em entrevista para a BBC.
A previsão é que finalmente avançando para a terceira e última etapa, onde mais voluntários serão testados pelo imunizante, a terapia será então avaliada pelas agências reguladoras de saúde do mundo e poderemos, quem sabe, ter então uma vacina contra o câncer até 2030.
