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Dica para sua lista de leitura em 2023: “A liberdade é uma luta constante” de Angela Davis

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Uma boa dica de leitura para o seu início de ano é o novo livro da ativista política Angela Davis: “A liberdade é uma luta constante”. Nele, você encontra uma ampla seleção de seus artigos, discursos e entrevistas recentes realizados em diferentes países do mundo, entre os anos de 2013 e 2015, organizados pelo famoso militante dos Direitos Humanos Frank Barat.

Os textos de Angela Davis trazem reflexões importantes e profundas sobre como lutas históricas do movimento negro/feminismo negro nos Estados Unidos e a luta contra o apartheid na África do Sul se relacionam com os movimentos atuais pelo abolicionismo prisional e com a luta anticolonial da Palestina.

Além da sua reconhecida atuação política no combate ao racismo, a famosa ativista denuncia também o machismo e o sexismo, demonstrando de forma bem objetiva a relação entre a violência contra a mulher e a violência cometida pelo Estado. De acordo com a autora “não há possibilidade de se combater a violência sem desmontar as estruturas do sistema capitalista”.

Páginas de luta e resistência feminina

Angela Davis sintetiza nas páginas do seu livro a importância do movimento das mulheres negras na desestruturação e desestabilização das rígidas e consolidadas relações desiguais de poder enraizadas em nossa sociedade (representadas pela dinâmica da violência, supremacia branca, patriarcado, poder do Estado, mercado capitalista e políticas imperiais).

Em cada relato, podemos acompanhar a saga dessa persistente e ousada ativista contra as mais diferentes formas de submissão humana (tão presentes atual cenário da sociedade brasileira), que causam sentimentos de desesperança e impotência em milhares de pessoas.

Hoje, cada vez mais temos assistido perplexos às perdas de várias conquistas no âmbito das políticas públicas na área da educação, da cultura, da saúde e que impactam diretamente em nossas vidas. Por isso, é importante nos recolocarmos em um espaço próprio de resistência, como a autora tem se colocado durante todos esses anos de militância.

Ela afirma que a sua luta é inspirada pela solidariedade do coletivo e nos adverte sobre o cuidado que devemos ter para não buscar a “representação da história como o trabalho de indivíduos heroicos”, mas sim o reconhecimento das pessoas como “parte de uma comunidade de luta sempre em expansão” (pois o coletivo é um “agente potencial” de mudança).

Assim, essa é uma leitura mais do que obrigatória nesses tempos sombrios de divisões políticas, injustiças globais e maus exemplos de todos os tipos no que diz respeito aos direitos humanos, especialmente em relação aos direitos das mulheres. É um grande libelo pelo direito à dignidade humana e à emancipação feminina.

Angela Davis é filósofa, professora emérita do Departamento de Estudos Feministas da Universidade da Califórnia, ícone da luta pelos Direitos Civis e foi duas vezes candidata à vice-presidência dos Estados Unidos.