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(Imagem: Wikipédia | Reprodução)

Djamila Ribeiro: filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira

Você já ouviu falar em Djamila Ribeiro? Ela foi eleita no dia 24 de maio deste ano, em uma votação expressiva, para ocupar merecidamente a cadeira de número 28 na Academia Paulista de Letras, anteriormente ocupada pela escritora Lygia Fagundes Telles (falecida aos 98 anos, no dia 3 de abril).

Hoje, certamente o combate ao racismo estrutural e a defesa das mulheres passam pelo pensamento, as obras e a luta dessa mulher inspiradora.

Uma voz potente em defesa dos negros e das mulheres

Nascida no dia 1º de agosto de 1980 em Santos, São Paulo, Djamila Ribeiro é filósofa, ativista social, professora, escritora e se tornou uma figura emblemática no combate ao racismo e, em seus debates e obras, traz à tona o racismo estrutural (tão enraizado em nossa sociedade que chega a passar desapercebido em várias situações cotidianas). O seu livro “Pequeno Manual Antirracista” (2020), que fala sobre o racismo estrutural arraigado no Brasil, foi o vencedor do prestigiado Prêmio Jabuti (o mais tradicional prêmio literário do país) na categoria “Ciências Humanas”.

Ela também é militante da causa feminista, defendendo em seus discursos que precisamos repensar o movimento no contexto brasileiro, já que a cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil, com os casos de estupro e feminicídio ganhando cada vez mais visibilidade (provando que a violência de gênero é uma triste realidade que vivemos nesses tempos e que medidas mais eficientes precisam ser adotadas para evitá-la).

O ambiente digital como meio de amplificar o seu discurso

Djamila Ribeiro começou a propagar os seus pensamentos e discursos pela internet, onde conquistou milhões de seguidores com os seus textos e seus posts. Enquanto isso, tornava-se Mestra em Filosofia Política pela Unifesp (em 2012). Foi também nas redes que o debate ao redor da questão do lugar de fala se popularizou e foi sendo questionado e enfrentado na prática.

“Esse regime de autorização discursiva impede que esses considerados ‘outros’ façam parte desse regime e tenham o mesmo direito à voz – e não no sentido de emitir palavras, mas de existência”, diz a autora que aprofundou o tema em seu livro “O que é Lugar de Fala?” (que também inaugurou a coleção “Feminismo Plurais”). E continua: “Quando a gente fala de ‘lugar de fala’, a gente está falando de lugar social, de localização de poder dentro da estrutura, e não a partir da vivência ou da experiência individual”. Coordenada por Djamila, a coleção busca a publicação de “conteúdo crítico produzido por pessoas negras, sobretudo mulheres, a preço acessível e linguagem didática”.

Quem tem medo do feminismo negro?

O sucesso do seu livro, finalista do “Prêmio Jabuti” em 2018, abriu novas portas para a carreira e a militância de Djamila. Se a internet era o seu principal campo de propagação de suas ideias, os livros e a colaboração com publicações, programas de tv e outros meios de comunicação passaram também a funcionar como um novo espaço para a divulgação do seu trabalho e luta.

O livro “Quem tem medo do feminismo negro?” reúne artigos publicados, mas também um ensaio inédito e autobiográfico (no qual a autora olha sua própria história) para debater temas como: silenciamento, empoderamento feminino, interseccionalidade, cotas raciais e, é claro, racismo, feminismo e a singularidade do feminismo negro.

Uma inspiração para muitas mulheres brasileiras

Djanira Ribeiro é colunista na Folha de São Paulo e na Elle Brasil. Também foi nomeada, em 2016, como secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania em São Paulo, recebendo prêmios relevantes como “Prêmio Cidadão SP em Direitos Humanos (2016), Melhor colunista no Troféu Mulher Imprensa (2018) e Prêmio Dandara dos Palmares entre outros. Sua valiosa atuação fez com que a ONU a reconhecesse como entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo dos 40 anos.

Livros de Djamila Ribeiro que você precisa conhecer:

– Pequeno Manual Antirracista (Ed. Companhia das Letras)

– Cartas para Minha Avó (Ed. Companhia das Letras)

– Quem tem medo do feminismo negro? (Ed. Companhia das Letras)

– O que é lugar de fala? (Ed. Letramento)