Algumas invenções feitas por mulheres brilhantes mudaram para sempre os rumos da ciência e da tecnologia. Neste artigo, abrimos este importante espaço para que você conheça um pouco sobre a história de uma dessas mulheres que entraram para a história com o seu grande espírito realizador e visionário.
Marie Van Brittan Brown era enfermeira e realizava diariamente longas jornadas no seu trabalho e, por esse motivo, acabava chegando muito tarde em sua residência no bairro do Queens, em Nova York. O seu marido, Albert Brown que era eletricista, também não tinha um horário fixo de trabalho. Dessa forma, o medo que sentiam por morarem em um local de grande periculosidade e a demora da polícia em responder aos chamados das vítimas, levou Marie a desenvolver um sistema de segurança próprio.
Em 1966, com a insegurança cada vez maior em abrir a porta para desconhecidos, Marie decidiu criar um sistema de câmeras na porta de sua própria residência, identificando assim quem estava do lado de fora. Albert, marido de Marie, também participou da montagem da sua revolucionária invenção (usando seus conhecimentos de eletricista para o desenvolvimento e a execução do projeto).
Como foi desenvolvido esse sistema de segurança?
O sistema de segurança consistia em três olhos-mágicos instalados em diferentes alturas da porta de entrada da sua casa, uma câmera deslizante, um monitor de televisão e um microfone bidirecional. Com um controle de rádio wireless, foi possível instalar um monitor em qualquer lugar da residência de Marie e, a partir daí, assistir as imagens que passavam do lado de fora.
Além disso, um botão de pânico acionava as autoridades locais de forma rápida e sem a necessidade de ir a um telefone para fazer a ligação. Um controle remoto, por sua vez, permitia que a porta fosse destravada (sem que fosse preciso ir até à porta para receber o visitante).
Em conjunto, esses equipamentos funcionavam como um sistema de circuito fechado de televisão para vigilância, conhecido atualmente pela sigla CFTV. A partir deste sistema, o morador poderia capturar as imagens de pessoas em diferentes alturas e ainda se comunicar com quem estava do lado de fora da casa. Considerando a grande onda de violência na região em que Marie morava na época, esse projeto foi pioneiro na segurança dela, do marido e dos dois filhos do casal, obtendo mais tarde a adesão e o reconhecimento da sua comunidade.
O reconhecimento da invenção de Marie
Marie e o marido registraram a patente em 1 de agosto de 1966, sob o título: “Home Security System Utilizing Television Surveillance”. O pedido foi aprovado em 2 de dezembro de 1969. Com a sua invenção, Marie ganhou reconhecimento e recebeu o prêmio do National Scientists Committee. Além disso, seu projeto foi amplamente divulgado no “The New York Times” em 6 de dezembro de 1969 (onde Marie concedeu uma entrevista ao jornal). A sua invenção chegou a ser citada em 32 pedidos de patente subsequentes.
Marie Van Brittan Brown nasceu no Queens, Nova York, em 22 de outubro de 1922 e residiu lá até a data da sua morte, aos 76 anos, em 2 de fevereiro de 1999. Mas, o seu legado não parou de crescer e contribuir significativamente para a evolução do setor.
A sua invenção é considerada a “mãe” dos sistemas modernos de vigilância doméstica e hoje esse sistema é utilizado e adaptado para a segurança de diversos outros locais (bancos, escritórios, condomínios, aeroportos, rodoviárias, metrôs, empresas etc.). Além disso, o seu projeto lançou as bases para sistemas de segurança posteriores, como monitoramento de vídeo, fechaduras com controle remoto, acionadores de alarme por botão, mensagens instantâneas para provedores de segurança e polícia, bem como a comunicação de voz bidirecional.
Uma de suas filhas, Norma Brown, tornou-se enfermeira e inventora.