A luta de uma mulher contra o colonialismo na África
Acaba de estrear no catálogo da Netflix a série documental que apresenta a vida e o legado de mulheres históricas africanas que se destacaram como líderes e guerreiras em seus respectivos reinos e impérios. A narração dos episódios é feita pela atriz britânica Jada Pinkett Smith e apresenta entrevistas com historiadores, acadêmicos e especialistas em cultura africana, além de mostrar reencenações dramáticas e imagens de arquivo.
Segundo Jada Smith, também atuando como produtora executiva da série, a ideia veio quando ela e a filha (Willow Smith) se questionaram sobre quem eram as rainhas africanas e porque se sabe até os dias de hoje tão pouco sobre elas. “Este é o momento certo para se lançar “Rainhas Africanas”, pois filmes como “A Mulher Rei” e “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” tornaram mais fácil para a Netflix contar essas histórias. Esperamos que isso possa inspirar outras mulheres e a próxima geração de cineastas”, afirma Jada.
A primeira temporada da série, apresentada em apenas 4 episódios, foca na história de Nzinga Mbandi (1583-1663), rainha de Ndongo e Matamba, territórios que correspondem hoje à Angola. Nzinga governou durante o século XVII, sendo a primeira governante feminina do país. Reconhecida por sua habilidade em combinar técnicas políticas e diplomáticas com conhecimento militares, ela se tornou um importante símbolo de resistência.
Uma nova visão sobre a história africana e suas grandes mulheres
A maioria dos documentários ocidentais atuais frequentemente dependem de historiadores americanos ou europeus para contar ou interpretar, de forma quase sempre incorreta, aspectos da história africana. Por isso, Jada Smith e sua equipe garantiram a precisão histórica convidando historiadores africanos para participar na construção da série. “Rainhas Africanas” pretende ser um marco significativo para preencher essa lacuna, se empenhando em mostrar que a África tem uma história própria e rica que precisa ser conhecida pelas pessoas ao redor do mundo.
A história das mulheres africanas é povoada por rainhas, guerreiras e líderes espirituais que romperam costumes, conquistaram poder e respeito, expandiram seus domínios, combateram invasores europeus e insuflaram coragem junto ao seu povo. Seus nomes ficaram registrados e marcados em pedras, pergaminhos e nos relatos eternizados pela tradição oral. De acordo com os historiadores africanos, existem ao menos uns 14 nomes de mulheres que cobrem de forma significativa milênios da história da África. Dessa forma, caso haja uma renovação para uma segunda temporada no próximo ano, o foco será Cleópatra (última rainha do Egito antigo).
Nzinga, também conhecida como Jinga ou Ginga, era membro da etnia Jagas, um grupo guerreiro que formava um escudo contra os portugueses comerciantes de escravos. Ela formou alianças contra potências estrangeiras para libertar seu território da influência europeia e usou a religião como ferramenta política para controlar seus inimigos. A sua luta ajudou a despertar o sentimento de resistência contra os invasores e a sua liderança foi preponderante para o início de um longo caminho de emancipação feminina na África. Vale a pena conhecer a sua história!